sábado, 30 de novembro de 2013

A REPETIÇÃO DA HISTÓRIA… ou talvez não! (I)

O regime de Salazar e Caetano, com mais de 40 anos de Ditadura não permitiu durante todo o tempo, qualquer tipo de manifestações ou repúdio pelo Estado estabelecido.
A falta de liberdade de expressão; descontentamento com o Governo; o Isolamento internacional do país devido aos conflitos coloniais; População desgastada pelas Guerras Coloniais; As precárias condições de vida do povo português devido ao regime que estava instaurado em Portugal culminaram com a Revolução dos Capitães que tomaram a seu cargo a dura e perigosa tarefa de reposição da Liberdade, da Justiça Social, da Ordem Democrática e do fim dos Grupos económicos que durante décadas, com o apoio do Governo da Ditadura, lhes permitia o controle total da economia e do aparelho produtivo do País (Colónias incluídas).
No limiar dos quarenta anos do 25 de Abril, que alguns contestam e repudiam, mal sabendo como se vivia em Portugal durante a longa noite do fascismo, verificamos que tudo, ou quase tudo foi em vão!
Aproximamo-nos apressadamente do fim das restantes, apenas o resto, das liberdades conquistadas. O reforço da capacidade policial, e das forças militares ou policiais, a constituição de Unidades de intervenção rápida e “anti-motin”, a clara redução das Forças Armadas, minimizando-as, retirando-lhe capacidade operacional e a “conquista” através de algumas benesses, de alguns Chefes Militares, para que o Estado os consiga capazes de controlarem as hostes, a arrogância de toda uma classe dirigente que se paga e se auto-promove, se auto-remunera a seu bel prazer, sempre invocando os muito apreciados ditames da Democracia partidária, a manutenção indefinida no poder de alguns grupos políticos de ideologia e propósitos duvidosos, que dão pelo nome de Partidos do “arco da governação, a “empregabilidade” política sempre assegurada em cargos, assessores, consultores e secretários de jovens incompetentes mas sempre ligados por laços familiares ou partidários aos do costume – Os “Boys”, levar-nos-ia, se mais não houvesse, a concluirmos sem mais apreciação, que estamos no momento histórico de REPETIÇÃO DA PRÓPRIA HISTÓRIA !
Não veremos nenhuma diferença, entre os filhos, sobrinhos e enteados de Marcelo Caetano, do Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira, de Veiga Simão, Espírito Santo, Cupertino de Miranda, dos Senhores Manuel de Melo ou Contra- Almirante Henrique Tenreiro, do Director da PIDE-DGS, ou dos filhos ilegítimos do senhor Presidente da União Nacional, e os novos filhos, enteados, sobrinhos, amigos do primo que é filho da sobrinha do padrinho, também ele enteado da nora da sogra que o sogro gentilmente mandou educar em Coimbra.
E a história repete-se.
As precárias condições de vida do Cidadão Comum, o desmantelar da classe média, que irremediavelmente só se reconstruirá em uma ou duas gerações, os novos pobres deambulando pelas ruas e vasculhando em contentores de lixo, as crianças a caminho da Escola, agora mais longe, esfomeadas e doentes por isso mesmo, toda uma classe de gente laboriosa, trabalhadores atirados em menos de uma década para o desemprego sem qualquer apoio, chegando hoje a mais de um milhão e trezentos mil Portugueses. A precária, desastrosa e desesperançada situação de mais de trezentos mil jovens que não trabalham por não terem onde, não estudam por não poder pagar propinas e livros (que mudam todos os anos, porque mais uma “inteligência” achou que os do ano anterior estão desactualizados ou não servem), vivem à conta de seus Pais desempregados ou com a ajuda de avós a quem são retiradas as reformas ou substancialmente reduzidas, leva-nos sem qualquer dificuldade a concluir que,
A história repete-se.
O fim para breve da Escola Pública, contraria porém o curso da história, mas bem para pior.
Se, nos tempos idos de Salazar e Caetano, não se queria gente muito culta, para não ter ideias demasiado inteligentes, que pudessem por em risco a sobrevivência do regime, também é certo que, pelo menos o ensino básico era fomentado e as Escolas (a nossa Escolinha), estavam disseminadas por todos os cantos do território.
O ensino universitário era destinado aos predestinados, já referidos atrás, os tais “filhos, enteados, sobrinhos, amigos do primo que é filho da sobrinha do padrinho, também ele enteado da nora da sogra que o sogro gentilmente mandou educar em Coimbra”.
A história repete-se.
O fim da Escola Pública, conduzirá inexoravelmente à sub-alfabetização por insuficiência económica. Os Professores devidamente “testados” com regularidade para aferir da sua capacidade e competências docentes, serão a breve trecho os novos “empresários do ensino”, pois o convite já existe para que o façam. Para que explorem o ensino como privados e paguem os seus impostos como empresários porque o Estado não chega para tudo, e o dinheiro não abunda! Que cobrem o que ensinam, enfim… que facturem! Facturar é preciso.
Apenas os “predestinados” terão assegurado o seu futuro, de novos “Boys” se, desde cedo se mostrarem submissos, mas suimultâneamente determinados a cumprirem o “Yes Man” taão bem retratado há poucos dias por Mia Couto.
A história repete-se.
Com uma sociedade em desespero, com toda uma Nação a caminho da miséria, da subnutrição, do controle fiscal, político, económico e social. Com tudo registado e “cruzado” nos sofisticados “servidores informáticos” guardados numa qualquer “Cloud”, mas com a garantia de que tudo lhes é imposto por bem e cumprindo as regras democráticas, eis que todo um Povo, orgulhoso, tenaz, competente, trabalhador, sério e diligente se confina à subordinação governativa (em nome da Democracia), de uma representação política, eleita por uns quaisquer vinte e tal por cento do eleitorado…
Acresce que, por via do bom comportamento político, europeu… porque emana da “Europa dos Cidadãos”, todo um Povo, se vê desgovernado pela loucura de um ou vários Nero´s, que tudo incendeiam e arrasam na sua passagem.
Acresce que, por via do bom comportamento, “democràticamente se vêem desgovernados”, com decisões políticas irreversíveis nas próximas décadas, por um Vice Primeiro Ministro, o mais poderoso de todos, que afinal nunca os eleitores lhe cometeram funções de governação. Por isso o penalizaram nas urnas!
A história repete-se.
Quando Salazar convocou eleições Presidenciais, com o (falso) rasgo democrático que permitiu concorrer o General Humberto Delgado, todos sabíamos que o Presidente era um Contra Almirantezeco, sem brilho nem glória, sem tomates nem condição de exercício firme, pleno e eficaz do mais alto cargo da Nação.
A história repete-se.
Não… não me enganei! Claro que sim, o senhor Presidente da III República foi eleito por sufrágio directo e incontestado. Ganhou !!! Com 2.231.603 de votos dos dez milhões de Portugueses.
É então o Presidente de todos os Portugueses!
Aqui, a história não se repete ! A HISTÓRIA SE FARÁ COM JUSTIÇA ! A HISTÓRIA DIRÁ SE FOI, SE É BEM ASSIM! (Julgo que não)
E a história repetir-se-á, como convém… como é dos livros.
António Ventura
30Nov2013








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